A presente página está associada ao Memorial Gouveia da Liberdade, inaugurado a 1 de maio de 2024, no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de abril, em Gouveia. Promovido pela Junta de Freguesia de Gouveia, o monumento, da autoria de Ricardo Jorge Mendonça Teixeira Crista, é uma homenagem aos presos políticos naturais ou moradores do concelho de Gouveia, presos entre 1933 e 1974, assim como, à liberdade que há 50 anos foi conquistada pelos Capitães de Abril e pelo Povo que saiu às ruas. Uma homenagem, especialmente, aos gouveenses que conheceram a violência das prisões do fascismo português, perpetuando, aqui, os seus nomes.

O monumento caracteriza-se pelas duas peças em aço cortem de 5/6mm, com as duas peças a encaixarem para servir de sustentação. Numa das peças surge um cravo, símbolo universalmente reconhecido e ligado à revolução de Abril de 1974 e ao sucesso da mesma de forma quase pacífica, não fora o assassinato de quatro cidadãos às mãos de agentes da polícia política (à data DGS). A outra peça, dividida ao meio pela peça do cravo, contém o memorial aos presos políticos do concelho de Gouveia de 1933 a 1974 numa das divisões e, na outra, as palavras “Gouveia da Liberdade”. A estrutura foi concebida para que, ao circular em seu redor, ela se revelar na sua totalidade, acompanhando o florescimento da liberdade e da democracia conquistadas, depois de 48 anos de opressão, nesse “dia inteiro e limpo”.

Outro caso notável de uma mulher, é o de Maria da Luz Cabral Gomes da Costa, natural da freguesia de Arcozelo da Serra, estudante em Lisboa, presa em três ocasiões, em Caxias. Foi presa pela PSP de Lisboa e entregue aos serviços da PIDE pela primeira vez em 25 de junho de 1951 e libertada em 31 de julho de 1951. Duas detenções se seguiram, sem conhecimento dos motivos que a levaram à cadeia, entre 24 de maio de 1952 e 22 de agosto de 1952 e entre 19 de outubro de 1952 e 23 de março de 1953. Esteve presa num total de 9 meses e 7 dias. Na ficha de registo dos presos, as sugerem-se que, nas três vezes, foi presa para averiguações.

A Comissão organizadora das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril em Gouveia, agradece à União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), que a partir do Registo de Presos da PIDE (1934-1974) recolheu, no âmbito do”URAP – Projeto Alfredo Caldeira”, os gouveenses, moradores e naturais, que passaram pelas prisões do fascismo português e constituem a esmagadora maioria dos nomes aqui listados.

Bibliografia:
● Cadeia de Caxias – A repressão fascista e a luta pela liberdade, 1ª edição, Edição: URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses, Março de 2024.
● Forte de Peniche. Memória, Resistência e Luta, 5ª edição (actualizada e ampliada), Edição: URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses, Agosto de 2019.
● Elas estiveram nas prisões do fascismo da União de Resistentes Antifascistas Portugueses, 4.º edição, Edição: URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses, Fevereiro de 2023.

Informação desenvolvida pelo Setor de Cultura da Divisão de Cultura, Desporto, Turismo e Lazer,
Empreendedorismo, Comunicação e Relações, Exteriores, do Município de Gouveia, coordenado pelo
técnico superior Joel A. Saraiva Correia – Abril de 2024.